A ideia de criar uma associação dos antigos alunos da Secundária do Marco tem, pelo menos, dois anos. Foi falada, uma vez mais, no jantar do ano passado. Artur Melo tomou a iniciativa de avançar com um projecto de estatutos, de que nessa altura deu conta.
Ninguém colocou quaisquer reservas, a não ser aqueles típicas de um jantar-convívio. Foi tacitamente mandatado Artur Melo para reunir um grupo que fosse outorgar a escritura de constituição da associação, que teria, entre outros o objecto de apoiar ex-colegas em dificuldades, ou apoiar actuais alunos que se destacassem, mas que não tivessem meios para prosseguir os estudos. Por outro lado, incumbiram-me de construir um blogue, onde pudéssemos ir falando uns com os outros. No dia seguinte o blogue estava criado - A Idade da Inocência -, que não teve a adesão que se previa, mas ainda existe.
Sobre a associação, foram escritos alguns posts no blogue. Em determinada altura, Artur Melo explicou que para constituir a associação era necessário pagar cerca de 500 euros. Tenho quase a certeza de que escrevi um comentário a sugerir que os que fossem outorgar a escritura entrassem com o dinheiro, que seria cobrado no jantar que houvesse a seguir. Procurei, mas não encontro o comentário. De qualquer modo, estou certo de que cheguei a dizer isso mesmo, pessoalmente, a Artur Melo.
*
No último jantar, brincando com os da minha mesa (o Azevedo, a Ludovina, o Ismael, a Olga, o Zé Carlos Pereira, O Zé Mota, a Lúcia e o Quim Mota), eu questionei: «Então o Artur não fala? Tenho que o pôr a falar...» E, olhando para a mesa de trás: «Ó, Artur, e a associação?» Ele fez-me um sinal para aguardar.
Já antes tinha brincado com outros assuntos. Quando apareceu um músico a tocar concertina, brinquei: «É, lá, se o presidente da Câmara passa lá fora e ouve música, está já aí...» Alguém me explicou que o presidente não andava pelas imediações, até que, por mero acaso, acabei por descobrir que ele estava nesse preciso momento a discursar num jantar em sala próxima. Voltei a brincar: «Bem, se ele ousa vir cá sem ser convidado, acho mal. Se ele sabe que nós estamos aqui e não se digna vir cá cumprimentar os ex-alunos da Secundária, também acho mal». Estava a ser divertido o jantar, como se vê. Boa disposição em todas as mesas.
O assunto da associação acabou por ser introduzido pelo nosso ex-professor, Dr. Rocha Marques, que explicou o objectivo. A seguir, o Artur Melo retomou o tema. Quis colocar o assunto à discussão. Como achei que o assunto já estava mais do que debatido e tive um vago pressentimento de que ia haver borrasca, sugeri que se passasse de imediato à votação. Vi rostos cerrados. Nesse momento, percebi que AM deveria ter arranjado uma justificação para não continuar à frente do projecto, o que, atentas as circunstâncias, se teria revelado mais avisado. Nesse momento, Quim Mota pediu para falar, para dizer que seria bom que fossem lidos os estatutos antes de votar. Ainda tentei explicar ao QM (ao meu lado) que esse assunto já tinha sido debatido. Mas já não valia a pena. Do sítio onde estava não conseguia ver, mas percebi que várias pessoas aplaudiram QM.
Artur Melo ficou um bocado atarantado e respondeu a Quim Mota. Em tom cordato, mas que já reflectia a crispação. O Dr. Rocha Marques decidiu intervir para tentar recentrar o assunto. QM disse que retirava o que tinha dito, mas o Dr. Rocha Marques - que saiu logo de seguida, não sei se por causa do diferendo - cortou para dizer que, retirando ou não o que fora dito, várias pessoas o tinham aplaudido.
A proposta foi a votação, ninguém votou contra, mas houve uma meia-dúzia de abstenções. As pessoas começaram a contribuir, mas houve mais algumas - para além das que se tinham abstido - que também não contribuiram.
O mau-estar estava completamente instalado. O que foi mau. De um momento para o outro, a criação da associação tinha-se transformado num assunto político. Artur Melo é, como se sabe, líder do PS-Marco. E tem oposição interna. E é oposição ao actual poder autárquico do PSD. Curiosamente, foram precisamente as pessoas que, por um ou outro motivo, não estão com Artur Melo, que, ou se abstiveram, ou não contribuiram.
Os factos são estes - sujeitos a contraditório, como é óbvio. Não tiro conclusões. Deixo-as para quem ler estas palavras. A única conclusão que posso retirar, é que cada vez tenho menos paciência para estas coisas. E duvido que volte a brincar com elas, não vá ainda alguém zangar-se por falta de sentido de humor.
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Publicado por JM Coutinho Ribeiro em 23.10.07
quarta-feira, outubro 24, 2007
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