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segunda-feira, junho 05, 2006

Maria João diz que lhe chamei fascista. É capaz de ser verdade...

Ora aí está: uma bela história da Maria João Teixeira. Vou mandar o "invite" para postares directamente, sua "fassista"!

Gostei da ideia e da idade/da/Inocência, que me levou a recuar no tempo sem nunca dele me ter esquecido – professores, colegas, contínuos, a disposição de cada objecto nas salas de aula, o verniz das unhas da professora de inglês a combinar com a roupa que vestia, as flores de papel mergulhadas em resina para oferecer no dia da mãe, os sorrisos e etc., etc. e tal…. Por momentos tudo se aproximou numa memória onde um álbum sem pó se abriu e nos voltamos a encontrar. Obrigada a todos os que têm disponibilizado o seu tempo – obrigada pela paciência – obrigada pelo carinho! Penalizo-me pela ausência em tantos encontros já organizados. Desculpem!

(…)
Em minha casa não há espaço para um sótão, mas existe uma gaveta com recordações que completam as da minha memória. Ontem à noite reli alguns versos decorados com corações de Cupido num livro de autógrafos datado de 1975. Era quase meia-noite quando encontrei algumas fotografias, o meu caderno de poemas, os textos das peças de teatro e lembrei-me do meu primeiro beijo atrás da cortina do teatro!

- Mãe! Era a voz do meu filho.

Olhei para ele e sorri – já não sabia bem a minha idade …

… Até quando somos inocentes…???

(…)
O 25 de Abril! A greve na escola! O Quim Manel em cima da mesa do professor e uma sala cheia de alunos com adrenalina dos pés à cabeça. Numa dessas reuniões chamara-me fascista pelo facto de estar um pouco mais afastada do grupo. Ainda hoje e em determinadas situações, gosto de me afastar um pouco e observar os gestos que acompanham as palavras. Na altura até me convenci que era tímida (porque era inocente!).

Acreditem que nunca mais voltei a comer sandes tão boas como as que encontrava na mercearia (?) ao lado da casa do Artur Melo. Uma lata grande com chouriço metido em azeite (?) que cortado às rodelas e metido num pão “estaladiço” me /nos deliciava. Lembram-se?

Não havia panickes, nem telemóveis, nem internet… havia carteiros que entregavam cartas em casas sem número. Havida escapadelas às aulas para tomar um banho no rio Tâmega, cigarros SG filtro que se compravam avulsos no Sr. Miguel por e por fim as aulas de moral!!!

Quando tinha 12 anos, queria ter 14 para deixar de usar a bata azul com pregas! Quando tinha 18 anos, queria ter muitos mais para decidir tudo por mim e não ter que dar satisfações a ninguém. Quando comecei a ter “esses muitos”, comecei a pedir poucos de cada vez para não me distanciar da minha bata azul! Fiz um acordo com o destino que já me deu os 12 + 14 + 18 + os muitos + os pouco muitos e porque agora quero todos os que já me deu e muitos outros muitos, prometi que em qualquer situação estaria presente o meu abraço imenso...

um beijo da maria joão t.

1 comentário:

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Um beijinho para a Maria João, que aqui trouxe uma estória de outros tempos (que não foram os meus). Zé Carlos