No Dia Mundial da Criança vale a pena reflectir um pouco sobre o destaque que o “Expresso” deu esta semana a uma situação de trabalho infantil em Felgueiras. O Carlitos de 11 anos estava a coser sapatos à mão para uma marca espanhola – a Zara – acompanhado de um irmão de 14 anos e dos pais. Um choque para a intelligentsia lisboeta que ocupa os media, mas nada estranho para quem vive no Marco ou em concelhos vizinhos.
Quem viu a reportagem na televisão constatou a verdadeira miséria – económica, social e cultural – daquela família desestruturada. Um casebre lúgubre, pais de baixa médica à espera do desemprego, avós estropiados com uma reforma que ajuda a compor o mês, duas crianças com o futuro ameaçado, habituadas desde cedo a lutar pela sobrevivência.
Obviamente que o trabalho infantil é algo que deve ser banido e que os intermediários e as empresas que se alimentam destas situações devem ser perseguidos e severamente punidos, mas a mim o que mais me preocupa é todo o contexto que torna possível tais situações em pleno séc. XXI. Para quem tem de sobreviver e não aprendeu a reconhecer a escola como meio de aprendizagem e instrumento para a vida, é fácil cair na tentação de fugir à escola e preferir meter as mãos à obra, por vezes no sentido literal do termo. Sem emprego qualificado, sem oportunidades à vista, para quê andar tantos anos na escola se, no fim, não há saída e não há compensação?
Quem viu a reportagem na televisão constatou a verdadeira miséria – económica, social e cultural – daquela família desestruturada. Um casebre lúgubre, pais de baixa médica à espera do desemprego, avós estropiados com uma reforma que ajuda a compor o mês, duas crianças com o futuro ameaçado, habituadas desde cedo a lutar pela sobrevivência.
Obviamente que o trabalho infantil é algo que deve ser banido e que os intermediários e as empresas que se alimentam destas situações devem ser perseguidos e severamente punidos, mas a mim o que mais me preocupa é todo o contexto que torna possível tais situações em pleno séc. XXI. Para quem tem de sobreviver e não aprendeu a reconhecer a escola como meio de aprendizagem e instrumento para a vida, é fácil cair na tentação de fugir à escola e preferir meter as mãos à obra, por vezes no sentido literal do termo. Sem emprego qualificado, sem oportunidades à vista, para quê andar tantos anos na escola se, no fim, não há saída e não há compensação?
Esta é uma realidade que urge combater e que está presente nas cinturas e nos bairros das grandes cidades e em muitas zonas do interior, agravando os números do insucesso e do abandono escolar. O que podemos fazer contra isto aqui na nossa terra, no Marco de Canaveses, para deixarmos de ver os pequenos nas obras, nos campos, nas fábricas ou nas oficinas quando deviam estar nos bancos da escola? E que futuro lhes podemos prometer?
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