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terça-feira, junho 13, 2006

Os morangos

O meu professor de Ciências da Natureza teve, por todos os motivos, a maior influência na minha educação. Da sua vertente pedagógica ficou que estava muito à frente do seu tempo. Talvez pela sua formação, privilegiava a componente prática como parte integrante da teoria que ensinava. Quem não se lembra da sala dos mapas? Era ali, que uma vez por semana íamos estudar as figuras que nos eram ensinadas do corpo humano. Quem falar com os mais velhos, aqueles que ainda tinham de prestar provas num liceu nacional, neste caso em Penafiel, no final do 5º ano, todos eles falam do assombro com que o júri ficava com os seus conhecimentos sobre matérias tão complicadas como o Sistema Nervoso!
Quando cheguei ao 1º ano, não sabia muito bem como ia ser o nosso relacionamento. Sem trocarmos quaisquer palavras apercebi-me que iria ser um entre iguais, com a particularidade de me ser descontado um valor na nota final. Era justo!
Numa das primeiras aulas, a matéria incidia sobre o Sistema Solar. Para nos explicar o movimento dos astros, colocou vários alunos no centro da sala, cada um era um astro e movimentava-se de acordo com o movimento desse astro. A páginas tantas aquilo era já uma confusão, mas um "-Menino, vê lá como fazes esse movimento!", aparecia como uma ordem bem recebida por todos. Até hoje, jamais me esqueci daquela aula.
Mas a verdadeira "cereja em cima do bolo", eram as aulas práticas de botânica dadas no morangal do terreno ao lado do colégio. Ninguém imaginava o gosto que ele tinha naquilo! Contam-se as mais variadas histórias sobre essas aulas. Só que ...
... Um dia andava em construção a casa e o mestre de obras, o Sr. José da Freita, viu que uns alunos foram aos morangos e não tinham feito coisa boa. De imediato deu conhecimento disso mesmo a quem de direito. Estava eu numa aula de Francês, com a "Mesinha de Cabeceira", quando de repente abre-se a porta e sai a pergunta que não deixava dúvidas sobre a razão daquele estado: -Meninos, quem é que foi aos morangos? Muito a medo e passado uns longos instantes, - Fui eu, disse lá do fundo o António, mais conhecido por Patife. Não teve tempo para respirar, pois apanhou um estalo tão bem dado que tombou e caíu sobre a mesa. Seguiu para a sala dos professores, onde se juntou ao Monterroso do 5º ano e juntos levaram o respectivo correctivo.
Ainda bem, pois a partir dali os morangos puderam crescer ao ritmo da Natureza. Hoje penso que não foi terem ido comer os morangos que mais o aborreceu, mas os estragos que fizeram às plantas. Foi a única vez que vi meu pai naquele estado.

1 comentário:

Joao Monteiro Lima disse...

Mandei umas bolas para casa do Artur, mas a empregada do Artur gostava tanto de mim, que eu nem sequer apanhava raspanete